Lina Bo Bardi
Arquiteta, designer, cenógrafa, editora, ilustradora.
Depois de estudar desenho no Lycée Artístico, Achillina Bo Bardi se formou em 1940 pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma. A faculdade, dirigida pelo arquiteto tradicionalista Marcello Piacentini (1881–1960), favorecia uma tendência histórico-clássica, que Lina chamava de “nostalgia aulico-estilística”. Em desacordo com essa orientação valorizada pelo fascismo, predominante em Roma, ela se mudou para Milão, onde trabalhou com o arquiteto Gió Ponti (1891–1979), líder do movimento pela valorização do artesanato italiano e diretor da Trienal de Milão e da revista Domus. Em pouco tempo, ela mesma começou a dirigir a revista e a atuar politicamente, integrando a resistência à ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e colaborando com o Partido Comunista Italiano – PCI, então clandestino. Ainda em Milão, ela fundou, junto com o crítico Bruno Zevi (1918–2000), a revista A-Cultura della Vita.
Em 1946, após o fim da guerra, ela se casou com o crítico e historiador de arte Pietro Maria Bardi (1900–1999), com quem viajou para o Brasil – país em que o casal decidiu se estabelecer, e que Lina chamou de “minha pátria por escolha”. No ano seguinte, Pietro Maria Bardi foi convidado pelo jornalista Assis Chateaubriand (1892–1968) para fundar e dirigir o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, em São Paulo. Lina projetou as instalações do museu, nas quais se destaca a cadeira dobrável de madeira e couro para o auditório, considerada “a primeira cadeira moderna do Brasil”. Em 1948, com o arquiteto italiano Giancarlo Palanti (1906), ela fundou o Studio d’Arte Palma, voltado para a fabricação de móveis feitos de compensado e materiais “brasileiros populares”, como chita e couro. Sua inserção mais efetiva no meio arquitetônico nacional foi inicialmente por meio de sua atuação editorial, quando criou, em 1950, a revista Habitat, que durou até 1954. Em 1951, ela projetou sua própria residência, no bairro do Morumbi, em São Paulo, apelidada de “Casa de Vidro”, considerada uma obra paradigmática do racionalismo artístico no país. Esse papel de destaque foi completado em 1957, quando ela iniciou o projeto para a nova sede do MASP, na Avenida Paulista (concluído apenas em 1968), que mantém a praça do vão livre no térreo, suspendendo o prédio com um ousado vão de 70 metros.
Em 1958, mudou-se para Salvador, a convite do governador Juracy Magalhães, para dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM/BA. Na capital baiana, também realizou o projeto de restauração do Solar do Unhão, um complexo arquitetônico do século XVI tombado na década de 1940 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Sphan, e interagiu criativamente com diversos artistas de vanguarda importantes, como o fotógrafo e etnólogo francês Pierre Verger (1902–1996) e o cineasta Glauber Rocha (1938–1981). De volta a São Paulo após o golpe militar, em 1964, ela incorporou em seus projetos o legado da temporada no Nordeste na forma de uma “experiência radical de simplificação” da linguagem. A partir de então, seu trabalho assume decisivamente o caráter do que ela qualifica como “arquitetura pobre”. Exemplos importantes dessa última fase de sua carreira são os suportes museográficos da exposição A Mão do Povo Brasileiro, de 1969, feitos de tábuas de pinho de segunda categoria; o edifício do Sesc Pompéia, de 1977, uma adaptação de uma antiga fábrica de tambores; e o Teatro Oficina, de 1984, uma construção que dissolve a rigidez da relação palco-plateia, criando um teatro-chão, como uma passarela de samba.
Acervo
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Lina Bo Bardi | Mesa lateral | 1949
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Lina Bo Bardi | Cadeira Masp 7 de Abril | 1947
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Lina Bo Bardi | Cadeira Girafa | 1986
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Lina Bo Bardi | Cadeira Modelo C-3 | 1949
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Lina Bo Bardi | Penteadeira | 1949
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Lina Bo Bardi | Mesa de jantar | 1949
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Lina Bo Bardi | Cadeira E1 | 1949
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Lina Bo Bardi | Poltrana Bowl | 1951