Mobilinea (Enersto Hauner)

Fundada pelo italiano Ernesto Hauner em 1959, com uma pequena fábrica em São Paulo que produzia estantes modulares de madeira maciça, o nome Mobilínea vem das palavras italianas mobile e linea, que significam móvel e linha, respectivamente. Em parceria com o marido, Ernesto Hauner – que, além de ser um dos proprietários do negócio, também foi responsável pelo design do mobiliário – Georgia Hauner atuou no planejamento de showrooms e na produção de fotografias para editoriais de revistas de decoração e anúncios publicitários.

As representações de interiores domésticos que ela produziu, idealizadas a partir do emprego de móveis modulados e fabricados em série, contribuíram para a construção do imaginário social acerca do que era entendido, na época, por “estilo de vida moderno”. A Mobilínea buscava, através de suas propagandas, inspirar o moderno no âmbito feminino, tendo em vista o período de transformações sociais, com as mulheres buscando mais independência e liberdade.

Seus desenhos exploravam o uso de novos materiais, bem como o uso de cores chamativas na pintura do mobiliário (do qual foi pioneira), desenvolvendo móveis para residências e escritórios. Teve um papel importante na construção da nova capital do Brasil, fornecendo móveis institucionais e de habitação estudantil para a Universidade de Brasília (UnB). Criou também peças em aço, fiberglass e acrílico, tendo seus trabalhos reconhecidos pelo Prêmio Roberto Simonsen e nas Bienais Internacionais de Design do Rio de Janeiro.

No ano de 1970, John de Souza, então sócio de Ernesto, e sua esposa, Carmute, foram presos por engano, suspeitos de integrarem grupos de esquerda. Nesta época, o Brasil vivia uma ditadura e, durante o período em que estiveram presos, a Mobilínea manteve suas atividades normais, porém com telefones grampeados. O clima de insegurança era total. Ernesto estava sobrecarregado, cumprindo também as funções do sócio.

Após um ano, seu sócio e sua esposa foram soltos; ainda assim, a Mobilínea crescia e, em 1972, decidiram abrir uma loja onde fosse possível comprar diversos produtos domésticos em um único endereço. Surgia assim a primeira Home Store no país. Para viabilizar o negócio, vários sócios entraram na empresa e começaram a surgir suspeitas de desvios de dinheiro, pois John e Ernesto haviam perdido o controle da empresa.

Diante de tais acontecimentos e com a sensação de que nunca se integrariam ao Brasil, no ano de 1975, Ernesto Hauner e sua esposa Georgia venderam suas partes e deixaram o país. A partir daí, a empresa seguiu novos rumos, passando a produzir somente móveis corporativos.

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